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VOX - CHISTINA DALCHER

Hey, Pockets! Tudo certinho?
Aqui é a Evelyn e venho apresentar pra vocês a minha brochada 2020! É com o coração sangrando que escrevo essas palavras: FUI ENGANADA! Calma que eu explico:



Título: Vox
Autor: Christina Dalcher
Editora: Arqueiro
Ano: 2018
Número de páginas: 320
Nota Classificação Skoob: 3.9

Sinopse: Uma distopia atual, próxima dos dias de hoje, sobre empoderamento e luta feminina.O SILÊNCIO PODE SER ENSURDECEDOR #100PALAVRAS O governo decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia. A Dra. Jean McClellan está em negação. Ela não acredita que isso esteja acontecendo de verdade. Esse é só o começo...Em pouco tempo, as mulheres também são impedidas de trabalhar e os professores não ensinam mais as meninas a ler e escrever. Antes, cada pessoa falava em média 16 mil palavras por dia, mas agora as mulheres só têm 100 palavras para se fazer ouvir. ...mas não é o fim. Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, Jean vai reivindicar sua voz.

RESENHA

Que premissa, não? Deu comichão pra ler? Segura a onda, pois - na minha humilde opinião - venderem uma merluza no lugar de bacalhau.

Quando vi que a editora Arqueiro traria esse título para o Brasil, minha alma ficou em polvorosa. Era natal de 2018, ele saiu em pré-venda com uma ecobag BELÍSSIMA - tenho até hoje, não empresto nem sob tortura -, estourado no hype - glossário: sucesso. -, fiquei louca, minha gente! Eu precisava deste livro mais que o ar. 

Quando ganhei, confesso uma lágrima ou duas surgiram; porém como não sou lá muito certa das ideias, encalhei o estimado na estante
Quase dois anos e a oportunidade surgiu, ao passo que as meninas do Buddy Read - DLX fizeram uma Leitura Coletiva - mais uma LC, Evelyn? -, finalmente minha oportunidade, tirei ele da estante ouvindo “We Are The Champions” do Queen, empolgada! Aí começou minha derrocada.

Com a expectativa no auge, devorei a primeira meta como se não houvesse amanhã, porém já sentindo um leve ranço da Jean, nossa personagem principal, mas segui firme, até não estar.
A escrita é fluida, de compreensão muito fácil, guiando o leitor pelo terror de um governo tirano, uma família disfuncional, casamento à beira da falência e acima de tudo: apenas 100 palavras permitidas por dia. Em um castelo de cartas no meio de um vendaval, a vida da família McClellan está desmoronando; o pé na cabeça à beira do abismo vem quando Jean recebe uma proposta irrecusável - literalmente, vide o regime governamental misógino - e onde já estava ruindo, afunda cada vez mais rápido.

"- A culpa não é sua.
_ Mas é. E minha culpa não começou quando assinei o contrato de Morgan na quinta-feira. Minha culpa começou há duas décadas, na primeira vez em que não votei, nas vezes incontáveis vezes m que disse a Jackie que estava ocupada demais para ir a uma das suas passeatas, fazer cartazes ou ligar para meus congressistas."

Os Estados Unidos da América está um caos. A sociedade é assolada, sufocada e reduzida em dois grupos: os Puros e os Impuros. O primeiro lado, fortificado pela religião e governo vigente, prega a decência, moral e controle total da população; principalmente com as mulheres, estancando qualquer outra forma de pensamento ou modo de vida. Do outro lado: o resto das pessoas, os impuros.

"Claro, não existe mais nenhuma família com duas mães ou dois pais; as crianças dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo foram postas para morar com seu parente do sexo masculino mais próximo (...) até o pai biológico se casar de modo adequado."

 

Até aí o enredo é tocante, forte e temerário. O marido, Patrick, embora seja contra o cerceamento da fala das mulheres, se aproveita do silêncio forçado. Steve, filho mais velho, sob os ares influenciáveis da adolescência, segue à risca o regime dos Puros, protagonizando conflitos asquerosos com qualquer pessoa que ele julga ser Impuro. Os gêmeos ainda não têm visão política formada, contudo já inclinados ao sistema. E chegamos à pequena Sônia: que já nasceu dentro desta ditadura, também privada da fala, exceto as 100 palavras contadas de forma cruel, abusiva.

Convocada compulsoriamente para prestar serviços para o governo, Jeanie se vê contribuindo com tudo que repudia, tenta administrar a lavagem cerebral que o filho mais velho, se compadece da realidade cruel da filha e ainda rebola parar contornar os problemas conjugais. Tudo isso, sem poder desabafar, extravasar muito menos falar.



"- Vai se foder.
Ele [Patrick] está com raiva, magoado e frustrado. Mas nada justifica as palavras que saem de sua boca em seguida, as que ele jamais poderá retirar, as que cortam mais fundo do que qualquer caco de vidro e me fazem sangrar por inteiro.
- Quer saber, amor? Acho que era melhor quando você não falava."
Aí você para, respira e pergunta “mas Evelyn, por que tanta decepção com o livro? Pra que tanto ódio, minha filha?” Vamos lá! É inegável o quão atraente é a premissa do livro; o problema é a execução! Com fatos jogados, pontos falhos deixam a leitura frustrante, embolada e pouco crível.

A autora estava com a faca e o queijo na mão e perdeu a oportunidade de fazer um livro simplesmente fantástico. Com diálogos fracos, repetições irritantes - perdi as contas de quantas vezes a personagem repetiu que não faria testes com cobaias vivas, animais - e uma trama amorosa totalmente desnecessária, o enredo se perde em meio à uma sucessão de reviravoltas nada convincentes.

"(...) E você acha que é coincidência? Quero dizer, a gente vai voltar ao início dos anos noventa, depois da próxima eleição de meio de mandato. Se a representatividade tornar a cair pela metade de novo, vamos retornar a idade das trevas de 1970 e poucos.
_ - Honestamente, Jacko... você está ficando histérica._
Suas palavras disparam como flechas envenenadas: - Bom, alguém precisa ficar histérica por aqui."

Jacko, Jackie Juarez, é uma excelente personagem, feminista, visionária e questionadora, contudo pouco trabalhada, injustiçada por um corre-corre sem explicação empregado pela autora do meio para o final do livro. A pequena Sônia, inclusa ao totalitarismo punitivo, poderia ter um pouco mais de desenvolvimento. Com todo respeito à autora, aos envolvidos na edição e a Arqueiro, a história que tinha tudo para ser o máximo, resultou em um decepcionante revirar de olhos. Esta é a minha opinião, não o parecer de todos os integrantes do blog. Nas mídias sociais com foco literário o enredo divide opiniões, sendo julgado ora positiva, ora negativamente. No todo, Vox infelizmente não me convenceu.


No mais, é isso.
Fiquem bem e seguros.
Juízo!
Beijos trevosos.



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